Instituto Pensar - Covid-19: Pesquisadores da Fiocruz alertam para colapso no Sudeste

Covid-19: Pesquisadores da Fiocruz alertam para colapso no Sudeste

por: Hylda Cavalcanti 


Enterro de uma mulher de 73 anos morta por covid-19 em um cemitério de Manaus ? (Foto: Bruno Kelly/ Reuters)

Cinco pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fizeram um novo alerta, nesta terça-feira (16), durante entrevista à CNN Brasil sobre o risco de colapso nas redes pública e privada de saúde da Região Sudeste nas próximas semanas. O grupo foi unânime em destacar que se as medidas restritivas não forem revistas dentro de um período entre 15 e 30 dias, o Sudeste vai colapsar. 

Os pesquisadores apontaram três fatores  que consideram determinantes para esse cenário: mutabilidade do vírus, falta de vacinas e medidas restritivas pouco rígidas.  "Se as medidas restritivas não forem revistas, o Sudeste vai colapsar, com pessoas morrendo sem assistência hospitalar, sem leitos?, afirmou um deles.

Feita toda com declarações em off, como forma de proteger esses cientistas ? que constantemente têm sido punidos pelo Governo Federal por darem declarações crítica sem relação à política para combate à pandemia ? a entrevista demonstrou que a principal constatação feita pelos cientistas da Fiocruz é de que somente três dos quatro estados do Sudeste possuem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19 com ocupação acima de 85%.

Desses, somente o estado do Rio de Janeiro está com 78,8% de ocupação de UTI. Já em relação às capitais, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, a ocupação de UTI para Covid-19 está, respectivamente, em 89,2%, 91% e 88,4% para cada uma delas.

"A negação nos trouxe até onde estamos agora?

Os pesquisadores criticaram o negacionismo e pediram para a ciência ser mais respeitada como condições importantes para evitar esse risco de colapso.

"A negação nos trouxe até onde estamos agora?, enfatizaram. "Só vamos conter esse vírus com vacinas e medidas restritivas e como não temos vacinas para todos e não teremos por mais alguns meses, os governantes precisam avaliar e impor medidas mais duras e as pessoas precisam respeitar?, acrescentaram.

?Covid não escolhe classe social?

Esses cientistas também afirmaram que o uso de máscaras pela população não é um favor, mas obrigação. "Os hospitais estão lotados. Não é uma doença que escolhe classe social e não faz diferença estar em hospital público ou particular porque não haverá leitos e não vai ter respiradores para todos. As pessoas precisam entender isso?, acentuou um deles. 

A avaliação do grupo é de que a vacina não chegar em larga escala para uma imunização em massa, a única medida efetiva para conter a transmissão do vírus e o risco de colapso é a restrição de circulação. 

"Não temos e não teremos vacinas para todos agora. E no momento em que o país, como um todo, está no pior cenário desde o começo da pandemia, o lockdown salva vidas sim e é necessário. Não no estado todo, mas em municípios que estão numa situação mais grave. E a cada 10 dias a medida deveria ir sendo reavaliada.?, defendeu uma das pesquisadoras.

Uma projeção recente da Fiocruz aponta que se a campanha de vacinação seguir no ritmo atual, o Rio de Janeiro levará mais de dois anos para conseguir imunizar toda sua população contra a Covid-19. Na última segunda-feira, o governo brasileiro anunciou a formalização de contratos para aquisição de 10 novos tipos de vacina.



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